domingo, 19 de agosto de 2012


ONG estimula conservação da palmeira e garante nova fonte de renda a produtores do Vale do Paraíba

Editora Globo
Daniela Coura é uma das criadoras do projeto que já repovoou 110 mil mudas
O meu pai dizia que, se quiséssemos ir embora do campo, nós poderíamos ir, mas que nunca vendêssemos a terra, porque é um ouro que está plantado nela e isso ninguém pode tirar.” O pai de Lourdes Maria dos Santos Alves não imaginava que poderia ganhar dinheiro preservando a floresta, mas tinha razão. As matas de Natividade da Serra, cidade localizada no Vale do Paraíba, a 185 quilômetros de São Paulo, eram valiosas. 


A palmeira-juçara (Euterpe edulis) reinava absoluta naquele marzão verde da Mata Atlântica e era uma das maiores riquezas do lugar. Tanto que palmiteiros invadiram a região em busca do produto que a planta fornecia. Ilegalmente, retiravam o que podiam, levando a espécie a ser considerada ameaçada de extinção. A pecuária que se expandiu ali ajudou a alavancar a economia local, mas, sem muitos cuidados, também contribuiu para encurtar aquela porção de floresta e excluir de vez a palmeira do mapa. 

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Os homens aprendem técnicas de rapel e fazem a coleta, que vai de novembro a janeiro
Certo de que as matas precisavam de proteção, o engenheiro florestal João Paulo Villani fundou, em 2003, a ONG Akarui, com o objetivo de estimular o desenvolvimento ambiental de São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra. Apaixonado pela juçara, começou a pensar em como poderia resgatar a planta na paisagem. Em 2007, ele encontrou a arquiteta Daniela Coura, que andava pela região para fazer um levantamento de quantas palmeiras ainda resistiam na flora do Estado. Juntos, criaram o projeto Semeando Sustentabilidade para fomentar a preservação da juçara. O trabalho se daria com o apoio de agricultores locais que antes permitiam que palmiteiros invadissem suas terras. Mas, se a árvore fosse fonte de renda, sem que para isso precisasse ser cortada, então, talvez, existisse uma chance de unir a conservação da espécie ao desenvolvimento rural. 
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Jorge Wilmers está espalhando as mudas de juçara por São Luiz do Paraitinga (SP)
Dona Lourdes foi a pioneira no projeto. Ela e os dois filhos apostaram na ideia e seguiram da comunidade de Vargem Grande para a vizinha São Luiz do Paraitinga com o propósito de aprender sobre o manejo sustentável. Lá, ouviu que poderia fazer polpa do fruto da juçara, ingrediente que nem imaginava usar na alimentação. Voltou cheia de planos e inspirou mais 16 famílias a manter a planta na floresta e extrair dela apenas os frutos maduros, que lembram até o famoso açaí. “Na época, foi muito difícil. Era começar do zero, e não sabíamos se iria dar certo, mas persistimos. Eu nem acredito que venci essa luta”, conta ela, que também mantém um viveiro na propriedade e, no ano passado, ao lado dos parceiros de projeto, vendeu 25 mil mudas de juçara a R$ 1 cada. 


Da fruta é feita a polpa, vendida a R$ 10 o quilo; rende também a semente, comercializada a R$ 8 o quilo. Daniela, que acabou ficando em São Luiz do Paraitinga, coordena o projeto desde então e vê, literalmente, a juçara dando frutos. “É uma alternativa de vida melhor para os pequenos agricultores do vale”, afirma. A proposta contou com o apoio financeiro de empresas como Fibria e Petrobras, o que possibilitou a doação de cerca de 110 mil mudas, até o momento, para o repovoamento da espécie. Agora, são as famílias viveiristas que fornecem as mudas para a Akarui. A ONG compra o material dos agricultores da região, fomentando um ciclo econômico. 



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O fruto rende uma polpa de cor roxa que garante diversas receitas
Daniela explica, sem entregar o ouro ao ladrão, que em Natividade da Serra ainda é possível encontrar a juçara mata adentro. O ciclo produtivo da planta vai de novembro a janeiro. Os homens, que aprenderam técnicas de rapel, sobem na palmeira para fazer a coleta e as mulheres fazem o beneficiamento. Por iniciativa de dona Lourdes, o alimento entrou até na merenda escolar e rende sucos e bolos que a molecada já não vive sem. No ano passado, 1 tonelada de polpa foi comercializada. O projeto rendeu também a construção de uma cozinha, pronta em março deste ano, que aguarda apenas a licença da prefeitura para operar e ajudar a ampliar a produção. Agricultoras como Santina Caetano Ribeiro não veem a hora chegar e já foram até bater na porta do prefeito para agilizar o processo. “Isso muda tudo para nós, pois, além da polpa, vamos poder fazer também doces com as frutíferas da região e comercializar em uma feira de produtos locais. É uma oportunidade e tanto”, comemora. 


Em São Luiz do Paraitinga, restou apenas uma palmeira na beira da estrada para fazer conta. 

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Dona Lourdes foi uma das pioneiras do projeto em Natividade da Serra (SP)
Lá, as mudas começaram a se espalhar pelas mãos do hoje diretor da Akarui, Jorge Wilmers Martins. Ele e a esposa, Ângela Beatriz de Azevedo César, se encontraram na cidade após passarem oito anos na Inglaterra. De volta, ficaram com a juçara. É com ela e com a produção de granola que Jorge mantém a vida prazerosa no campo. “Vivemos com um pé na granola e outro no viveiro”, conta, animado com as 5 mil mudas que já vendeu até o momento.
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Fonte :Revista Globo Rural

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Embrapa desenvolve variedades transgênicas resistentes à seca


Plantas modificadas de cana-de-açúcar, soja, milho, arroz e trigo foram submetidas a um regime de 40 dias sem água


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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa), em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), busca desenvolver variedades geneticamente modificadas de cana-de-açúcarsojamilhoarroz e trigo com o objetivo de reduzir os riscos em decorrência das mudanças climáticas. A pesquisa promete reduzir os custos na lavoura e contribuir na preservação do meio ambiente.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Eduardo Romano, os resultados até o momento são promissores. "Isolamos um gene relacionado à resistência ao estresse hídrico e o introduzimos em plantas modelo. Estas se tornaram altamente tolerantes à seca. As plantas não modificadas sobreviveram apenas 15 dias sem água enquanto que as plantas que receberam o gene sobreviveram mais de 40 dias. Agora estamos introduzindo este gene nas culturas comerciais. Esse é um processo que será obtido em longo prazo. Se tudo der certo, a estimativa de lançamento dessas variedades é para 2017", afirmou. 

“Nossa ideia com o desenvolvimento dessas variedades é beneficiar toda a sociedade, desde o produtor que contará com uma tecnologia para auxiliar no aumento da produtividade e reduzir os custos da produção, até o consumidor”, acrescentou Eduardo Romano. Para o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da AgriculturaJosé Gerardo Fontelles, a tecnologia vai permitir que o Brasil mantenha a sua performance com um dos maiores produtores e exportadores agrícolas.  


    Fonte: Globo Rural On-line

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Monsanto vence ação contra DuPont nos Estados Unidos


Disputa envolvia uso não autorizado da tecnologia Roundup Ready, patenteada pela companhia


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A tecnologia Roundup Ready da Monsanto foi lançada comercialmente aos agricultores de soja dos EUA em 1996
Monsanto Company venceu nesta quarta-feira (1/08) um processo de violação de patente que movia no Tribunal Federal dos EUA contra a DuPont Pioneer. O julgamento tratava do uso não-autorizado pela DuPont da tecnologia Roundup Ready®, patenteada pela Monsanto.
Em seu veredicto, a Corte Federal americana determinou que a DuPont e a DuPont Pioneer violaram intencionalmente atecnologia Roundup Ready®, de propriedade da Monsanto, quando tentaram corrigir os problemas de uma tecnologia da própria DuPont, a Optimum® GAT® (OGAT), que havia fracassado durante o seu desenvolvimento.
O júri concedeu indenização de US$ 1 bilhão para a Monsanto com base na violação deliberada por parte da DuPont de sua tecnologia e da vantagem indevida que a DuPont obteve quando violou os direitos da tecnologia patenteada pela Monsanto. A constatação da violação intencional era um fator de aumento da indenização no caso.
"É importante observar que esse veredicto destaca que todas as empresas que fazem investimentos iniciais e substanciais para o desenvolvimento de tecnologias de ponta terão seus direitos de propriedade intelectualrespeitados e valorizados”, disse David Snively, vice-presidente executivo e jurídico da Monsanto.
"Esse veredicto também ressalta que o uso não- autorizado, por parte da DuPont, da tecnologia Roundup Ready foi não somente deliberado, mas também visava resgatar sua própria tecnologia malsucedida".
A tecnologia Roundup Ready da Monsanto foi lançada comercialmente aos agricultores de soja dos EUA em 1996. Hoje, a Monsanto licencia amplamente a tecnologia Roundup Ready para alfafa, milho, algodão, soja, canola e beterraba. Desde o seu lançamento, a tecnologia Roundup Ready tem possibilitado aos agricultores um melhor manejo das ervas daninhas, redução do uso de insumos agrícolas, melhores práticas de manejo e economia de combustível e de tempo.
A Monsanto processou a DuPont e a Pioneer DuPont em maio de 2009. A ação buscava impedir a combinação não-licenciada das tecnologias de propriedade da Monsanto tolerantes ao herbicida Roundup Ready em soja e milho com a problemática tecnologia OGAT da DuPont. Diversas vezes foi oferecida uma licença à DuPont, antes e durante todo o período do julgamento, mas a empresa baseada em Delaware se recusou a aceitar a oferta da Monsanto Company. 

Fonte:Globo Rural On-line